domingo, 16 de abril de 2017

COMIDA ERRADA

Borracha na adolescência
     

    Borracha, esse foi o apelido que colocaram em Leopoldo. Cajazei- rense de quatro costados, figura ímpar na cidade. Fez história desde a adolescência. Amigo de todos na cidade, não se sabe se pelo gosto esmerado de tomar umas e outras (botem-se muitas umas e muitas outras) ou pelo fato de ser fofinho, gordinho. 


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Borracha, o carnavalhesco.
     Borracha sempre saía caracterizado de xerife no corso do carnaval. 
       Após blocar, nas costas da tradicional fantasia, um cartaz onde se lia “venho do Cajazeiras Tênis Tapa”, conseguiu ser expulso do Cajazeiras Tênis Clube. Foi suspenso do Cine Éden que, com o Cine Cruzeiro, do velho Eutrópio Cartaxo, divertia a cidade. Saiu no desfile carnavalesco todo molhado, com o indefectível cartaz: “venho do Cine Éden”, numa alusão ao calor do velho cinema. 
      Depois, responsável pai de família, funcionário público, trabalhando na Coletoria Estadual, mas ainda preservado o gosto por uma boa bebida, fez parte da equipe chefiada pelo fiscal do Estado, Bernardino Bandeira, pai do engenheiro do mesmo nome, que foi presidente da Telpa e da Telemar. 
        Seu Bernardino, talvez por comodismo, ensinou Borracha a fa- zer todos os despa- chos. Borracha sentia- se o próprio fiscal de renda. Bons tempos a- queles.
          Só que o que é bom acaba: Bernardino Bandeira, pressionado pelo crescimento e educação dos filhos, pede transferência pa- ra Campina Grande.
A velha coletoria
       Foi um fim do mundo para Borracha. Com muita tristeza, ele assistiu o caminhão sair com a mudança do amigo e protetor.
     Tanto móvel, tanta tralha, nem parecia que, naquela casa, cabia tanta coisa. Entre feliz e orgulhoso ele ficou quando seu Bernardino lhe pediu que enviasse, na primeira oportunidade, um cachorro e um peru que não couberam na carga. 
      Borracha procurou um portador de confiança. Um caminhão que lhe inspirasse crédito para tal mister. 
      Só que... recebido o primeiro salário após a mudança do amigo, Borracha fez uma farra homérica. No dia seguinte, de ressaca e liso, a mulher lhe pediu dinheiro para comprar carne. Sem outra saída, ele mandou matar o peru. 
      Depois disso, conseguiu um portador para levar os bichos a seu dono. E como na época não havia telefone interurbano, Borracha, sincero e leal, utilizou rádio da Coletoria para dizer ao amigo que o peru havia morrido. 
      Seu Bernardino mostrou que entendera tudo:
      - Borracha, bem que você poderia ter comido o cachorro.


segunda-feira, 3 de abril de 2017

A CARECA

      Parecia que o mundo ia acabar. Quirino eleito pela segunda vez deputado estadual! A Cajazeiras tradicional não aguentava. Bastava Chico, do lado pobre da família Rolim, ter sido eleito três vezes prefeito. E agora aparecia esse Quirino, nem Rolim era...
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     Teriam que aguentar, a mudança acon- tecia, e o povo nunca teve dono.
     O que a velharia não aceitava era o fato de o novo deputado ser de família pobre, advogado, só formado pela facilidade que os novos tempos permitiam, se111 uma única ligação com a tradição da cidade.
     Quando prefeito da cidade, Quirino foi operante; de onde era beco abriu ruas,, de onde era riacho fez açude e, onde era buraco, tapou tudo. Foi acima da dia. O suficiente para ter fanáticos. Chico Branco era o maior deles: sobrinho de Chico Rolim, esquecia o amor pelo tio do pela adoração a Quirino.
Tudo que acontecia na cidade, Chico Branco noticiava a Quirino. E, por mais fiel que fosse, sentia em Dona Maria Félix, a mãe do deputado, certa resistência à sua influência e assiduidade junto ao filho dela. Mesmo assim o procurava, mantinha a amizade. Era amigo mesmo, sem interesses. Fazendeiro, nunca precisou de ninguém para manter sua família, cobrir seus gastos e educar seus filhos. Tinha até conseguido formar um filho médico.
     O que ele nunca imaginaria é que, um dia, o político em que sempre votara, fizesse uma daquelas. Aconteceu que Batista Barreto, enfurecido, após ouvir uma resposta de Quirino a um discurso em que seu irmão, Bosco, dissera o diabo acerca da pobreza do prefeito, da falta de tradição de sua família, tentou tirar a forra com ele. Assim que soube de tudo, informado pelo filho Vicente, Chico Branco foi dar a informação ao deputado e líder inconteste.
     Chegou e perguntou à mãe do deputado se ele estava em casa. A rechonchuda senhora, temendo mais um incômodo para o filho, fez ver ao grande eleitor a ausência dele.
     Chico Branco ficou triste por não conseguir dar a informação, mas sabia que, muito cedo, faria isso. Era só questão de tempo. Antes do que pensassem, faria o deputado ciente. 
     Voltou, sem imagina que teria uma decepção. Maior ainda, decepção grande é de quem a gente gosta, e essa foi a que mais doeu.
     Saiu de casa, olhou pra o alto, para o  andar de cima, viu a cabeça do amigo.
     Voltou. E, com a maior espontaneidade, disse.
     - Dona Maria, diga ao deputado que, quando sair, leve a careca.
Do livro "O Cronista do Boato - Causos de Valiomar Rolim"


sábado, 1 de abril de 2017

Inauguração do Posto Médico Francisco Valiomar Rolim

No dia 22 de Agosto de 2007, era inaugurado pelo então prefeito de Cajazeiras, Dr. Carlos Antonio de Oliveira  mais uma obra da sua profícua administração.
Neste dia a família Rolim foi e convidada e agradecida se fez presente. Não era para menos, a obra era um Posto de Saúde no Bairro do Sol Nascente batizado com o nome de Médico Francisco Valiomar Rolim, ano em que o nosso Valiomar partiu para a eternidade...
O Posto.
O prefeito Carlos Antonio corta a fita tendo à sua esquerda o vereador Dudu e à direita o ex-prefeito e tio do Dr. Valiomar, Francisco Matias Rolim; mais à direita a irmã Maria Vilmar Rolim. 
O prefeito Carlos Antonio e a irmã Maria Vilmar Rolim descerram a placa homenageando o Dr. Valiomar Rolim.
 Francisco Matias Rolim discursa em nome da família Rolim, tendo ao lado Maria Vilmar Rolim e Martos Xavier. Atrás, Claudiomar Rolim e o deputado José Aldemir.
O professor e historiador José Antonio de Albuquerque presta uma homenagem ao Dr. Valiomar, cronista do jornal Gazeta do Alto Piranhas.
. Momentos finais.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Há dez anos, Valiomar partiu para o encontro com Deus!

     Dez anos completam!
     Uma década de ausência, marcada pela saudade. Mas ele deixou saudades pelo seu espírito alegre, divertido, extrovertido que resultava numa simpatia indelével que desafia o tempo, este senhor que cria e descria tudo. Waliomar, sempre lembrarei de ti!


domingo, 26 de fevereiro de 2017

Memórias de Cajazeiras: Tio Waldemar e Tia Maria!

Tio Waldemar com Tia Maria, 
o menino Waltermar 
e outros posam em frente ao jeep.
Ajudem-me a identificar os demais presentes!




Valiomar nos carnavais de São Luís


Valiomar em São Luís, com a minha irmã, Ceilinha e
Fernando Moreira Lima, amigo maranhense

Francisco Valiomar Rolim, Dr. Valiomar, Wally, foi o meu melhor e mais próximo amigo de infância. Também pudera, primo-carnal e vizinho.
Fui embora para São Luís logo depois que completei quinze anos. E como não poderia deixar de ser, Wally foi me visitar diversas ve- zes.
Hoje vou a me ater aos carnavais.
Os clubes cam- pestres de São Luís tinham uma pecu- liaridade interessante. Só se entrava de carro, o clube ficava no centro de uma grande área e a portaria na frente apropriada para receber os carros. Assim eram os clubes Lítero e Jaguarema.
A carteira do Cajazeiras Tênis Clube de Valiomar
Para os amigos que não eram sócios in- ventamos uma brecha bem bolada, entrava no clube dentro da mala do carro. Lá dentro no es- tacionamento, ligei- ramente abríamos e o penetra rapidamente pulava fora. Com o tempo, as diretorias dos clubes intensificaram a vigilância no es- tacionamento e assim, usar deste artifício corria um sério risco de ser humilhantemente posto para fora do clube.
Ah, demos nosso jeito. Carlos Xavier, amigo maranhense, tinha um Opala. Retirávamos o banco traseiro e em seu lugar era posto uma lâmina de espuma de igual tamanho, ao passar pela portaria logo o penetra passava para o interior do carro. Bem engenhosa a solução.
Voltando à Valiomar. Na quarta-feira de Cinzas ele saiu do Lítero para o Ja- guarema com um amigo, Pinho. Como no último dia depois das três horas da madrugada ficava a portaria liberada, obviamente Valiomar não precisava entrar na mala, decen- temente foi confor- tavelmente no banco dianteiro. Ao ver a fachada interna do clube, Valiomar ex- clamou: “Pinho, co- mo é lindo este clube?”. “Oxente, todas as noites te vejo aqui, porque esta admiração?”. Valiomar, todo filósofo, retruca: “Mas como eu poderia ver, só entro na mala e só saio bêbado?”.
Dos três principais clubes tinha ainda o Casino Maranhense no centro da cidade. Este não tinha a- cesso de carro, tinha uma área de lazer razoável, mas não havia estaciona- mento. E como brincávamos inten- samente o carnaval, o Casino (escreve-se apenas com um “s” e se pronuncia como fosse um “z”) tinha numa das noites de carnaval uma festa interessante e não perdíamos. Como levar Valiomar? Papai deu um jeito conseguiu uma carteira de dependente (foto).